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Dissertação de Mestrado: As implicações psicossociais do trabalho precoce em adultos
O Objetivo da presente dissertação é analisar as implicações psicossociais do trabalho precoce em adultos. Para tal, adotou-se como referencial teórico a Psicologia Histórico-cultural de Vigotski, para compreender a consciência e a vivência. Entrevistaram-se sete participantes, com idades de 31 a 55 anos. Os dados mostraram que os participantes, durante a infância, tinham um histórico de migrações, necessidades financeiras, criação por apenas um dos genitores e violência doméstica em alguns casos. Os participantes identificaram que a entrada no trabalho dava-se por volta dos sete anos de idade, sobretudo, no trabalho doméstico, na agricultura, nas feiras livres e nas ruas, trabalhando para a família ou para terceiros. As atividades de trabalho eram marcadas pelas longas jornadas e pela baixa remuneração ou até mesmo a ausência desta. O sentido do discurso dos participantes revela implicações do trabalho precoce, tanto positivas quanto negativas. Dentre as positivas, reproduzem o discurso da sociedade acerca do trabalho precoce como formador e que confere responsabilidade. Ao mesmo tempo, o trabalho aparece como sendo negativo por: atrapalhar a a escolarização; trazer, para alguns participantes, implicações para a saúde e para a obtenção de emprego na vida atual; promover a perda da infância; e trazer implicações em relação aos filhos. A vida atual é marcada pelo emprego informal ou desemprego, tendo o benefício do Programa Bolsa Família papel relevante na manutenção familiar. Conclui-se que, para estes participantes, os sentidos que o trabalho precoce assume são contraditórios, visto como trazendo implicações positivas e negativas ao mesmo tempo, além de revelar que há uma consciência fragmentada acerca de sua história e da relação entre seu passado e presente. Compreende-se que o trabalho precoce traz marcas para a subjetividade, no momento em que lhes nega o acesso à escolarização e aos conhecimentos disponíveis em sua cultura, tira-lhes ou reduz a vivência de atividades essenciais para o desenvolvimento, como a brincadeira, e traz implicações para a construção de identidade, devido à responsabilidade precoce assumida.
Autor(a): Denise Pereira dos Santos - UFPB