
Com o lema “Transformar os nossos compromissos em ação” e o slogan “Toda criança que trabalha perde a infância e o futuro”, a edição de 2025 da Campanha Nacional de 12 de junho – Dia Nacional e Mundial Contra o Trabalho Infantil nasce da necessidade de renovar o discurso e destacar que a infância acontece no agora, e que proteger crianças e adolescentes exige ações urgentes e efetivas, diante do agravamento de velhas e o surgimento de novas modalidades de exploração do trabalho infantil no país.
Fruto da construção coletiva do grupo de trabalho do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Justiça do Trabalho (JT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a campanha tem como eixo conceitual a reflexão sobre o tempo da infância — vivida no presente, afetando o futuro.
“O slogan foi definido a partir de considerações sobre o tempo. O tempo das infâncias e adolescências vividas hoje, no agora, e que temos o dever de proteger com urgência, cumprindo com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. De acordo com a meta 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 2025 deveria ser o ano da erradicação do trabalho infantil em todas as suas formas. Lamentavelmente, esse tempo ficará para o futuro, pois ainda estamos distantes dessa erradicação. Destacar o futuro de quem foi vítima de trabalho infantil é demonstrar os efeitos nefastos dessa grave violação de direitos e o ciclo vicioso com o qual precisamos romper hoje e agora, porque ainda há tempo para garantir direitos de crianças e adolescentes”, explica Luísa Rodrigues, coordenadora nacional de combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente (Coordinfância/MPT).
A campanha deste ano propõe romper com a naturalização de práticas que ainda são vistas como “normais” na infância de muitas crianças. Ela evidencia tanto as piores formas de trabalho infantil — como o trabalho doméstico, rural e o urbano (na mendicância e na produção e comércio de drogas ilícitas) — quanto as novas modalidades, como o trabalho infantil digital com as/os influencers mirins e o chamado “empreendedorismo infantil”.
“Com esta campanha, queremos reforçar a importância da infância no desenvolvimento humano. Trata-se de um tempo vivido com intensidade, curiosidade e abertura ao mundo — um presente pleno que chamamos de ‘viver a infância’ e é um direito fundamental de todas as crianças e adolescentes”, afirma André Canuto de Figueiredo Lima, vice coordenador nacional de combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente (Coordinfância/MPT).
Para ele, a campanha chama a atenção para o fato de que a infância não é apenas uma fase, mas uma base essencial para a formação humana. Por isso, deve ser protegida com urgência e jamais interrompida pela exploração do trabalho precoce. “A reflexão sobre o tempo atravessa toda a campanha, com personagens do futuro que relatam infâncias que lhes foram negadas. Assim, o tempo se apresenta como elo entre a infância não vivida e os impactos no futuro. Sob essa perspectiva, os personagens dialogam com um passado que, na verdade, corresponde ao nosso presente – um tempo que ainda pode ser transformado. Ainda é possível proteger!”, completa.
Katerina Volcov, secretária executiva do FNPETI, destaca que a campanha reflete o compromisso das instituições na sensibilização à população, buscando desnaturalizar algumas das piores formas de trabalho infantil, estimulando ações que rompam com a invisibilidade dessas práticas. “Estamos diante de uma realidade que se transforma cotidianamente. Além das formas já conhecidas, novas modalidades como o trabalho infantil digital e o empreendedorismo infantil vêm sendo naturalizadas pela sociedade. Precisamos romper com mitos e novos modelos difundidos. Necessitamos que a sociedade compreenda que, independentemente da forma ou do meio, trabalho infantil é violação de direito”, afirma.
Katerina destaca ainda que é a primeira vez que uma campanha traz dois temas que não tinham sido contemplados em edições anteriores: o tráfico de drogas como continuidade de uma trajetória marcada pelo trabalho infantil desempenhado nas ruas, uma das piores formas de trabalho infantil, e o trabalho infantil digital, um dos grandes focos de preocupação na atualidade.
Nesta edição da Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, quatro personagens vindos do futuro apresentam suas trajetórias de trabalhadores (as) infantis. Baseados em trajetórias reais e evidências científicas, produzidos com o uso de inteligência artificial, as narrativas retratam o impacto do trabalho infantil em diferentes contextos — no campo, no trabalho doméstico, na mendicância/ tráfico de drogas e no ambiente digital — e mostram como a infância interrompida deixa marcas profundas na vida adulta. “O objetivo é provocar reflexão, sensibilizar e mobilizar a sociedade para reconhecer que o trabalho infantil, independente do meio onde ocorra, compromete a infância, deixa marcas e perpetua desigualdades”, reforça Volcov.
A Campanha Nacional de Combate ao Trabalho Infantil 2025 reforça que as infâncias não podem esperar. A erradicação do trabalho infantil exige compromisso, articulação e ação imediata. Ainda há tempo para proteger infâncias, garantir direitos e transformar vidas.
Vamos juntas (os) transformar discursos em ações e construir um país sem Trabalho Infantil.
Mobilize sua rede
O FNPETI convida a rede de proteção e toda a sociedade a promoverem ações locais de mobilização e a compartilharem suas iniciativas nas redes sociais com as hashtags #InfânciaSemTrabalho e #12deJunho.
Materiais para mobilização
Os materiais da campanha estão disponíveis para download gratuito no site do FNPETI. Eles podem ser utilizados livremente por apoiadores da causa, desde que mantido o conteúdo original. Acesse: www.fnpeti.org.br/12dejunho