Fiscais do Ministério do Trabalho flagraram cerca de 30 adolescentes em condições degradantes de trabalho no alojamento do clube de futebol, em Santa Bárbara de Goiás, a 60 km de Goiânia. Segundo a auditora fiscal do Trabalho Katleen Lima, os menores, de diversos estados do país, eram mantidos em locais sem condições de higiene. “Nós chegamos e vimos uma situação degradante. Muitos jovens no mesmo quarto, confinados, dormindo no chão com colchões de fina espessura e sujos”, afirmou.
Segundo Katleen, toda a infraestrutura do clube, que leva o mesmo nome da cidade, é precária. “As roupas de cama estavam em situação lastimável e os pertences dos atletas eram guardados no meio do quarto, pois não há armários. Os banheiros também apresentam péssimas condições e em número muito menor do que o necessário para a quantidade de pessoas. Também percebemos que não havia nenhuma mesa no estabelecimento para que eles pudessem estudar, fazer refeições. Então não tinha a mínima condição de dignidade”, ressaltou.
As irregularidades foram constatadas após o recebimento de uma denúncia feita na Secretaria de Tráfico de Pessoas. Uma equipe formada por agentes do Ministério Público do Trabalho, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, do Conselho Tutelar e da Polícia Rodoviária Federal foi até o local e fez o resgate dos adolescentes.
De acordo com o procurador Tiago Rainieri de Oliveira, os atletas não recebiam nenhum valor para treinar no clube e ainda precisavam pagar para permanecer no local.
“Os adolescentes, menores de 18 anos, precisam de um contrato e formação profissional, mesmo sendo time amador, e receber uma bolsa por isso. Mas o que vimos aqui foi o inverso, pois, além de não existir esse contrato, os menores pagavam cerca de R$ 400 por mês para permanecer nesse alojamento precário”, afirmou.
O diretor de futebol do Santa Bárbara Futebol Clube, Manoel de Matos, se defendeu e disse que o time não sabia das regras trabalhistas. “As condições eram as que a gente podia oferecer. A gente não tinha orientação do procedimento, das orientações do Ministério do Trabalho. Aí era o que a gente podia oferecer no momento”, disse.
O procurador ressaltou, ainda, que os adultos que trabalhavam no local também não recebiam salário e que um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi firmado para que o clube respeite as leis trabalhistas. Além disso, foi emitida ao time uma multa de R$ 50 mil. Já os adolescentes serão levados de volta para casa.