
Adolescentes nas ruas, em plena, entregando comidas em bicicletas, expostos à COVID-19, a acidentes e a diversos tipos de violências. De acordo com reportagem da Fundação Thomson Reuters, adolescentes brasileiros se registram com dados de amigos ou parentes para exercer a atividade que é proibida para pessoas com menos de 18 anos, por tratar-se de uma das piores formas de trabalho infantil.
De acordo com a reportagem, aplicativos de entrega como Rappi, iFood, 99Food e Uber Eats não têm conseguido impedir que pessoas com menos de 18 anos trabalhem no Brasil para essas empresas usando contas de parentes mais velhos ou inscrevendo-se com seus próprios nomes.
O agravamento da crise socioeconômica e do desemprego no país no contexto da pandemia, somados à falta de políticas públicas efetivas de apoio e distribuição de renda às famílias durante esse período e ao fechamento de escolas levaram os adolescentes a buscarem esse tipo de ocupação, tão arriscada. A reportagem lembra que "uma sondagem das Nações Unidas em São Paulo realizada com 52.745 famílias constatou que o trabalho infantil aumentou 26% de maio a julho".
Confira trechos da reportagem:
A Fundação Thomson Reuters conversou com dois adolescentes que disseram ter trabalhado para iFood, Rappi e Uber Eats. Um deles, Eduardo, de 16 anos, se inscreveu na iFood e Rappi em julho, meses depois que sua escola fechou devido à pandemia de covid-19.
O jovem usou dados e documentos de sua mãe e de irmãos mais velhos. Ele disse que conseguia ganhar até 50 reais por dia. Mas um acidente de bicicleta em setembro fez com que ele perdesse a autoconfiança, e ele resolveu parar de trabalhar quando as escolas reabrirem. "Isso não é bom para ninguém", disse, na Praça Varnhagen, cercada por restaurantes no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. "Eu só quero algo melhor do que isso."
Dezenas de grupos públicos e privados do Facebook relacionados a entregadores de aplicativo contêm postagens onde adolescentes falam sobre como se inscrever para trabalhar para os aplicativos usando os documentos de identidade de amigos e parentes. Vários vídeos públicos no YouTube oferecem orientação sobre como fazer isso.
Em resposta às revelações, os quatro aplicativos de entrega citados expressaram sua oposição ao trabalho infantil e citaram medidas para identificar contas fraudulentas.
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Denúncia do FNPETI
Em agosto, o Portal Metrópoles publicou uma matéria sobre o risco de aumento do trabalho infantil durante e após a pandemia da COVD-19. Entre os casos citados, estão denúncias de trabalho infantil em entregas de bicicleta contratadas por aplicativos relatadas pelo Fórum à reportagem. Leia aqui.