Documentário denuncia trabalho infantil e escravo na colheita do cacau
Por trás da produção do cacau há um rastro de pobreza e desigualdade. Trabalho análogo à escravidão e exploração de mão de obra de crianças e adolescentes tornaram-se comuns na colheita do cacau, matéria-prima do chocolate, segundo o Ministério Público do Trabalho, é o que aponta o documentario "A escravidão no século XXI".
Durante 18 dias, os repórteres do Câmera Record percorreram os principais polos produtores, às margens da rodovia Transamazônica, no Pará, e na região conhecida como Costa do Cacau, no sul da Bahia. Passa bem longe desses locais a riqueza do mercado que movimenta R$14 bilhões por ano no Brasil (e $110 bilhões, cerca de R$458 bilhões no mundo) e levou o país a se tornar o sétimo maior produtor de cacau.
Essa riqueza, no entanto, não chega aos trabalhadores. Maior produtora de cacau do país, a cidade de Medicilândia, no Pará, tem 63,5% de sua população vulnerável à pobreza; 37,9% dos domicílios têm banheiro e água encanada; a renda per capita municipal é R$345,44, a menor entre quatro maiores produtores de cacau do estado. Os dados educacionais também são alarmantes. Apenas 37,57% de adolescentes de 15 a 17 anos têm ensino fundamental completo.
De acordo com a procuradora do Ministério Público do Trabalho Margaret Matos de Carvalho, pelo menos 8 mil crianças trabalham na colheita de cacau. “Mas esse número pode ser muito maior porque nós falamos de pesquisas em que as próprias famílias declaram a existência dessa atividade e, obviamente, em muitos casos procura-se ocultar essa situação”, informou à reportagem.
O documentário utilizou dados divulgados no relatório "Cadeia produtiva do cacau: Avanços e desafios rumo à promoção do trabalho decente", realizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Clique aqui e acesse o documento.
A reportagem foi veiculada no Câmera Record de domingo (29/09) e está acessível em ao clicar aqui.